Escrito por Duncan Meriri
NAIRÓBI (Reuters) – O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) disse nesta terça-feira que o mundo precisa redescobrir sua capacidade de levar a paz a vários pontos críticos, a fim de conter o crescente fluxo de refugiados.
Existem 110 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo, acima dos 103 milhões do ano passado e metade desse número há uma década.
“O Conselho de Segurança da ONU, o principal órgão internacional de paz e segurança, está falido. Eles não conseguem concordar em nada”, disse o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, à Reuters na capital queniana.
“Portanto, precisamos restaurar essa liderança, promover a paz, porque essa é a única maneira de lidar com esses fluxos”.
Um grupo de diplomatas, ex-estadistas e funcionários da ONU começou a buscar apoio político para uma estrutura de paz no início deste ano para moldar novos padrões para a resolução de conflitos.
Entre as causas do aumento do número de refugiados, incluindo os deslocados internos, está o conflito no Sudão, onde facções militares rivais lutam entre si.
“Hoje, no Dia Mundial do Refugiado, ultrapassamos a terrível marca de 500.000 refugiados do Sudão”, disse Grandi.
Doadores prometeram US$ 1,5 bilhão para ajudar refugiados sudaneses em uma conferência na segunda-feira.
O alto comissário disse que parte do dinheiro seria usado para ajudar 100.000 refugiados sudaneses no vizinho Chade, cujos campos estão ameaçados devido ao início da estação chuvosa.
“É uma corrida muito desesperada contra o tempo”, acrescentou.
Ele pediu uma solução mais sustentável, como um cessar-fogo significativo.
“Se a luta não parar, isso é apenas o começo. Infelizmente, precisaremos de mais de US$ 1,5 bilhão”, disse ele.
Outras razões para o alto número de refugiados incluem conflitos na Ucrânia, leste da República Democrática do Congo, Afeganistão e região do Sahel.
Os desafios decorrentes da mudança climática também estão forçando as pessoas a se mudarem, disse Grandi, pedindo uma abordagem multilateral para enfrentar a crise climática.
“O tempo para ação país a país acabou”, disse ele.
(Reportagem de Duncan Meriri; Edição de Alexandra Hudson)
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