O fogo dos letreiros de néon e a mistura de marcas famosas, muito familiares nos pontos de vida noturna das cidades da Ásia, tornaram o horror que ocorreu em Seul na noite de sábado ainda mais controverso.
Ravo, Fireball Whiskey e Oasis Bar & Cafe anunciam outdoors em um cruzamento no bairro de Itaewon, na cidade. “Feliz Dia das Bruxas”, dizia outro grande banner em letras amarelas, vermelhas, rosa e azuis. Era tudo um ímã para os jovens que procuravam se divertir.
Mas os vídeos filmados logo após a onda de multidões, na qual mais de 140 pessoas foram mortas e mais de 100 feridas, contam uma história diferente. Uma mostrava trabalhadores de emergência em jaquetas de neon bombeando com força no peito de pessoas espalhadas pelo chão em uma tentativa desesperada de reanimá-las.
“Havia tantas pessoas que não podíamos nos mover”, disse Song So-yeon, 46, que estava visitando de Incheon e chegou à estação de metrô Itaewon uma hora após o evento. “Parecia que eu ia morrer se eu caísse.”
Outra testemunha escreveu no Twitter: “As pessoas continuaram empurrando e esmagando mais pessoas”. “As pessoas que foram esmagadas sob a multidão estavam chorando e eu pensei que seria esmagado até a morte também, respirando de um poço e chorando por ajuda.”
Três amigos, em roupas de clube, estavam prontos para comemorar quando chegaram a Itaewon. Então eles viram uma fileira de corpos caídos na rua cobertos por lençóis de plástico azul. “Foi assustador”, disse Lee Seong-eun, 30, de Seul. “Não acreditei no que vi.”
Seu amigo, Jeong Seol, também de 30 anos, disse que a multidão era tão incontrolável que as autoridades demoraram tanto para limpar o local para dar lugar aos socorristas e evacuados. “A situação era tão ruim que não conseguíamos nem ver a estrada”, disse Jeong. “Fomos muito pressionados. As pessoas eram empurradas e arrastadas, não importa quem fossem.”
Horas depois, as ambulâncias ainda estavam recolhendo os corpos, cobertos com lençóis amarelos, e os festeiros da madrugada estavam voltando para casa. Até então, as autoridades diziam não ter uma ideia clara do que exatamente aconteceu e como um festival anual se transformou tão rapidamente em um dos maiores desastres do país em anos.
Uma das reações mais prevalentes nas mídias sociais logo após o incidente foi expressar preocupação às pessoas que estavam próximas, ou podem ter estado, e agora não estão atendendo seus telefones.
“Eu realmente espero que meu amigo em Seul esteja dormindo e seguro”, dizia uma das mensagens no Twitter.
Pessoas envolvidas em tais situações no rescaldo disseram que o maior choque foi a mudança repentina da normalidade para o pânico que poderia engolir uma multidão e a sensação de que o mundo natural de repente virou de cabeça para baixo.
Um transeunte disse que viu cadáveres na rua mancando. “Eu gostaria de não ter feito isso”, disse ele. “Mas eu fiz. Foi de partir o coração.”
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